Fazendo Gato & Sapato

23 maio 2011

A Introdução do EAD na Formação Continuada dos Professores no Sistema Público de Ensino.

A Introdução do EAD na Formação Continuada dos Professores no Sistema Público de Ensino.




*Simone Majerkovski Custodio



Resumo





À luz da experiência em um curso de Procedimentos Didático-pedagógicos aplicáveis em História e cultura Afro-Brasileira, proporcionado por uma instituição pública de ensino superior na modalidade de extensão, e por meio da utilização da plataforma Moodle, o presente artigo visa discutir sobre as ferramentas disponíveis no ambiente virtual de aprendizagem e suas possibilidades de conhecimento, dialogando sobre os diferentes perfis de participantes inseridos no curso, onde a maioria é oriunda da rede pública Municipal.

Trata-se de uma pesquisa inicial sobre o curso e a efetiva inserção dos participantes neste ambiente de aprendizagem (AVAS), pois o mesmo encontra-se em andamento. No entanto, dispomos dos perfis de seus usuários quanto à experiência em EAD e uso de ambientes virtuais de aprendizagem.

O que confere características singulares na atuação dos mesmos dentro da proposta do curso e sobre a inserção da Educação a Distância na formação continuada dos professores.





Palavras-Chaves: EAD, AVAS, Formação Continuada, Interação.

















*Coordenadora do Ambiente Informatizado da EMEF Antonio de Godoy-Pós graduanda PUCRS

Introdução

Todo o projeto de educação à distância precisa estar bem definido, advindo daí um conjunto de estratégias e planejamentos que primam pela inserção do educando de forma a aperfeiçoar sua participação e interação na modalidade de educação à distância. Azevedo (2000) afirma que dentre as várias soluções imaginadas e propostas, a EAD é frequentemente lembrada para aumentar a capacidade do sistema de educação superior, mantendo a qualidade do ensino e da formação. No entanto, se em um primeiro momento a educação à distância visou suprir a demanda por formação continuada, atualmente verifica-se que corresponde também a outras possibilidades.

A EAD traz contribuições quanto ao aprendizado colaborativo, às ferramentas são adotadas com a finalidade de proporcionar a aprendizagem continua e efetiva.

É de suma importância ressaltar a questão do trabalho colaborativo enquanto possibilidade de formação voltada para professores, pois, muitas vezes, o professor fica restrito às salas de aula presenciais ou materiais sem poder trocar com seus pares. Na realidade, o enfoque de educação construtivista vem colaborar para essa construção de novas perspectivas profissionais. Importante também é o papel da tutoria que, segundo Peters(2006), entra, então, como peça indispensável no processo de orientação dos alunos de um curso a distância. O tutor deve aos poucos fazer com que os alunos percebam o quanto o trabalho colaborativo pode ajudar no processo de ensino-aprendizagem. Para Kenski (2000):

A característica desta nova forma de ensinar é a ampliação de possibilidades de aprendizagem e o envolvimento de todos os que participam do ato de ensinar. A prática de ensino envolvida torna-se uma ação dinâmica e mista. Mesclam -se nas redes informáticas - na própria situação de produção/aquisição de conhecimentos - autores e leitores, professores e alunos. A formação de “comunidades de aprendizagem” em que se desenvolvem os princípios do ensino colaborativo, em equipe, é um dos principais pontos de alteração na dinâmica da escola. Além disso, as informações coletadas nos diversos ambientes e meios tecnológicos, em permanente transformação, devem ser analisadas e discutidas, não mais como verdades absolutas, mas compreendidas criticamente como contribuições para a construção coletiva dos construção coletiva dos conhecimentos que irão auxiliar na aprendizagem de cada um.(



As ferramentas apresentam-se como os mediadoras do processo deste ensino e aprendizagem e, no caso estudado, a inserção na Plataforma Moodle também pode ser vista como inclusão digital, pois muitos dos participantes do curso não possuíam identidade virtual, ou seja, um e-mail.

“Não devemos nos surpreender com o fato de que muitos docentes se oponham à utilização das novas tecnologias no âmbito educacional. Isso acontece porque na sua formação e atuação estão centradas em aulas presenciais e por métodos de transmissão do conhecimento”.

O presente artigo justifica-se, então, pela necessidade de olharmos mais atentamente ao movimento dos professores perante a questão do uso das novas tecnologias e também sobre perfis profissionais que estamos formando ao inseri-los em ambientes de ensino e aprendizagem.



Embora o desenvolvimento de ambientes virtuais de aprendizagem tenha se tornado uma prática nas pesquisas da EAD, em geral, o uso destes não apresenta a exigência, o domínio mais aprofundado da informática. Ainda tem que se avançar em determinados espaços educativos para que estes sejam uma realidade palpável no processo de ensino-aprendizagem, principalmente nas redes municipais de educação com o objetivo de formação continuada dos professores.



Armstrong (2002) explorou diversos fatores relacionados ao contexto pessoal e social dos alunos e que influenciam na percepção de completar com êxito um programa de estudos.

O autor identificou os seguintes: sentido de pertença a uma comunidade de aprendizagem, confiança na capacidade de gerir diferentes caminhos virtuais, autoconfiança acadêmica, apoio da família ou no trabalho, demandas familiares e profissionais e o impacto de adicionar o caminho do aluno a de outros caminhos vitais e existentes.



O papel do tutor dentro desse contexto é fundamental, pois fornece o apoio necessário ao aluno no uso das ferramentas, na realização das atividades de cunho conteudista e nas atividades solicitadas pelo professor e que motivam os alunos a continuarem seus estudos.



A estrutura do curso em Procedimentos Didáticos e Pedagógicos Aplicáveis em História e Cultura Afro-Brasileira apresenta o seguinte organograma, que foi pensado por ocasião da proposta do curso sendo oferecidas como Ação de Extensão à distância para um público de 500 professores das redes municipais de ensino de Porto Alegre e região metropolitana, instituições da sociedade civil e integrantes do movimento negro.







Tendo como objetivo habilitar os educadores em procedimentos didático- pedagógicos, de forma a atender a lei 10.639/2003, que estabelece a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Educação Básica.

O curso tem duração de 200h, sendo 54h presenciais e 146h à distância através do uso da plataforma Moodle.











Funcionalidades no Ambiente Virtual de Aprendizagem

As ferramentas de comunicação englobam fóruns, chats e correio eletrônico e têm como objetivo a interação entre os participantes, facilitando assim o processo de ensino e aprendizagem.

Sendo as ferramentas síncronas: chat, vídeo conferência; e ferramentas assíncronas: e-mail e fóruns.

Conforme orientação inicial, o curso objetiva desenvolver a aptidão dos alunos para o manuseio dos recursos disponibilizados pela plataforma MOODLE, apresentando orientações sobre o uso das ferramentas desta plataforma a partir da interface do aluno, a fim de permitir a participação em um curso à distância via ambiente virtual.

Conforme apresentado na rede, os perfis dos participantes, de modo geral, são: professores da rede, a maioria concursada, sendo que 80% informaram não ter formação na temática, exercendo funções de docência, coordenação/supervisão pedagógica, Direção de escola, auxiliar de disciplina e coordenação do Programa Mais Educação.

Assim temos vários perfis de participantes em diferentes áreas de conhecimento e com objetivos diversificados quanto a aprendizagem sobre a temática,bem como,provável inserção e de multiplicação dos conhecimentos adquiridos.

A experiência com os participantes e o acompanhamento por meio da plataforma tem se mostrado interessante do ponto de vista da inclusão digital e também do uso das ferramentas no ambiente virtual de aprendizagem.

Segundo o viés teórico construtivismo o primado da autonomia deve basear a ação nestes ambientes, no entanto, ainda não é possível afirmar que esta tem sido posta em prática.

A tutoria local neste sentido tem auxiliado para o êxito do curso, pois os tutores são oriundos das redes municipais tendo um envolvimento efetivo com os participantes.

Criando por vezes estratégicas que busquem diminuir o distanciamento que por vezes a tecnologia inicialmente faz sentir.



















Conclusão

O êxito na EAD depende de vários fatores interrelacionados. Podemos citar: desenho e conteúdos do curso, capacitação da tutoria, planejamento apropriado da interatividade e do trabalho colaborativo e uso da avaliação formativa e continua dos alunos através de diferentes meios.

Podemos tecer algumas considerações relevantes no processo de inserção e inclusão digital com base nos perfis dos participantes inseridos no curso de Procedimentos Didáticos- Pedagógicos aplicáveis em História e cultura Afro-Brasileira.Fatores que impulsionaram e/o u dificultaram o pleno aproveitamento do curso.

A inexperiência dos participantes no uso de um ambiente de aprendizagem pode vir a ser um fator de evasão do curso, no entanto, aqueles que buscam suporte na tutoria local por meio de emails, telefone ou troca com outros colegas, bem como a formação de grupos, têm obtido êxito na continuidade do curso.

As estratégias criadas pela tutoria, que vão além das atividades previstas, dinamizando encontros entre grupos, motivando-os, é, sem dúvida, fator de êxito na aprendizagem.

Constatou-se a necessidade de investimentos do poder público na formação continuada dos professores de EAD que contribuam para mudanças de suas concepções e que resultem em transformações de suas ações no ambiente virtual, tornando-os depositários de novos fazeres, bem como multiplicadores da inserção de novas tecnologias da comunicação e informação também na escola pública.





















Referencias bibliográficas

KENSKI, V. M. Processos de interação e comunicação mediados pelas tecnologias. In: ROSA, D., SOUZA, V. (orgs.). Didática e práticas de ensino: interfaces com diferentes saberes e lugares formativos. Rio de Janeiro: DP&A,2002.

KENSKI, V. M. Democratização das mídias e a gestão em educação a distância. In :

OLIVEIRA, M. A. M. (Org.). Gestão Educacional. Novos Olhares, Novas

Abordagens. Petrópolis: Vozes, 2005.

LÉVY, P. Cibercultura São Paulo: Editora 34, 19

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